sexta-feira, 2 de setembro de 2011


O que tem sido feito da educação em nosso país através dos anos é uma pergunta que não canso de me fazer, não apenas por ser professora e hoje poder sentir na pele a falta de prestígio que minha profissão tem mas também por perceber que a qualidade do ensino também não é mais a mesma. E como poderia ser diferente essa realidade se hoje nossos alunos muitas vezes vão à escola apenas para comer? E como poderia ser diferente se hoje a política educacional que tanto fala em inclusão na verdade exclue dessas crianças o direito ao saber mais amplo fazendo-as acreditar que apenas saber ler, escrever e fazer cálculos básicos basta. Afinal no que irá interessar a elas nas aulas de geografia conhecer mais sobre as riquezas de nosso país que estão sendo exploradas pelas multinacionais se só conhecem a pobreza ou conhecer sobre as reformas sociais nas aulas de história se não se sentem inseridos nesse contexto? A quem irá interessar formar cidadãos realmente pensantes e questionadores que não possam ser massificados, manipulados e nem facilmente engabelados com palavras as quais desconheçam o real significado? Hoje vivemos numa era de globalização, aliás hoje só se fala nisso e tudo se resume ao futuro e em como em nome da dita "modernidade" muitos valores foram caindo em desuso e hoje são considerados ultrapassados, contribuindo para isso a mídia e a lavagem cerebral que nos é imposta todos os dias nos anúncios, propagandas e novelas, que nos fazem crer que tudo é possível sim e que tudo está ao nosso alcance, que tudo que antes acreditávamos tais como virtudes e valores estão totalmente fora de moda, afinal estar na moda hoje em dia é se dar bem não importando o que se tenha que fazer ou a quem se tenha que prejudicar para alcançar esse objetivo. Estar na moda é desrespeitar o professor e tratá-lo com desprezo, muitas vezes até mesmo com violência verbal ou física, sem sofrer nenhuma punição por isso, afinal de contas a "pobre criança" é sempre meramente fruto de uma família omissa e de uma sociedade exclusiva que a torna na realidade a principal vítima da agressão que pratica. Estar na moda é querer ser jogador de futebol e ganhar muito dinheiro sem precisar saber falar com concordância verbo nominal, basta saber apenas assinar o nome no contrato do clube e sair para o "abraço da torcida". Estar na moda também é ser Maria Chuteira e engravidar de jogador de futebol para ganhar uma pensão milionária e não precisar mais aturar a professora chata que vive implicando com sua incapacidade de formular textos mais complexos, menos repetitivos sem os eternos " aí" e sem os chamados vícios da oralidade. Ou seja estar na moda é tudo menos ser professor, afinal quem é louco em querer ter uma profissão que seja tão desgastante, desvalorizada e tão mal remunerada ao ponto de ser quase um sacerdócio? Não é a toa que quase não se formam mais turmas de pedagogia nas faculdades afinal ser professor hoje em dia é estar "out" e se a coisa continuar assim em breve, muito breve, será uma carreira em extinção.

Um comentário:

Eduardo disse...

Perfeita sua colocação Cida.
Nunca pare de escrever, pois tua pena tea mais força q zilhões de espadas.
Adorei o texto, lindinha!!!!
bjs....... Edu